quarta-feira, maio 24, 2006

9ª Mentira -Sobre o desconforto e a atenção


Não como era.
nunca meu passado.
não faz diferença...
permaneço atento e desconfortável
onde passo e deixo aberta a porta.

"-Um pedaço, um pedacinho do seu calor.
-Não, nem um pedacinho,
nem uma fagulha."

Permaneço atento e desconfortável.

“-alguém pode me dizer como
me proteger do acaso?”

Eu não queria,
Mas quero.
Eu poderia
E posso.
Mas não tenho
E posso.

Eu não quero, eu não quero, eu não quero,
eu não quero, eu não quero, eu não quero,
eu não, quero, eu não, quero, eu quero
e posso.
Posso?

Vamos deixar de rodeios,
Vamos?
Vou, mas não quero.
Ladainha, Oh, Deus!
Deus?
Eu não penso.
Penso?
Apaga essa música!
Apaga, apaga, apaga!
Sorriso.
Sorriso?

Guardo na voz meu silêncio.
Quero ficar rico e morrer
Bem velhinho.
Quero?
Ignorante, ignorante, ignorante
Eu permaneço atento e desconfortável
E fico em pânico.
E minto, minto, minto, minto....
Minto?
Ágüem disse: fugir.
Mas não fujo.
Finjo.

Peço ajuda a Deus
Novamente.
Mas deus está sentado do meu lado.
Ele bebe cerveja.
Eu fumo cigarro.
Daí bebo com ele.

Todo mundo sabe demais
Eu sei tanto quanto.
Ouço a palavra mágica
E fico assim:
Eu permaneço atento e desconfortável.
E desconforto.
Eu sinto prazer...
Sinto?
Permaneço sentado.
Beatles, porquê penso neles?
Porque não consigo pensar em
Mais nada.

67,51,65

não há vida inteligente
em meu cigarro
mas é o único que me entende.
Entende?

Na sétima dobra do guardanapo
Um copo se quebra
Mas ninguém nota.
A nota é 7.
Não me pergunte porquê.

Pessoas mortas, pessoas mortas, pessoas mortas, pessoas mortas...
Eu só penso em quem está vivo.
Vivo sem saber porquê penso.
A conta será paga.
Vamos embora.

quarta-feira, maio 17, 2006

8ª Mentira - Sobre crianças e o futuro


Tenho crianças ao meu redor
E gosto de estar com elas.
Aprendo com elas, elas me dizem o que eu sinto.
Na verdade me passo por uma delas
Só pra estar perto.
Elas me contam como enxergam o mundo.
Eu tento entender se bem que nem precisa.
Elas não precisam.
E hoje eu preciso tanto delas...
Elas estão por toda parte.

Como será ver por esses olhos que já sabem tudo?
Onde será que eu deixei essa parte que era minha
E eu perdi?

Se bem que perder o que se teve é reconhecer que
Sabemos bem onde guardamos essas lembranças,
Esses porquês, essa magia.

Queria falar de outra coisa hoje, coisas que vivi hoje.
Mas resolvi escrever o que realmente me tocou sempre.

Penso pelo meus olhos de criança.
E sei que um dia verei meus filhos.
Daí serei eterno aprendiz.

“-Diz pra mim, meu filho, tudo que eu sempre quis saber...”

sexta-feira, maio 12, 2006

7ª Mentira - Sobre a Luz e a falta dela


Olho pra lua
mas não quero olhar a cidade.
Ando pela casa escura.
Aprendo a andar no breu.
O silêncio alucina.
Fecho a porta do quarto.
Abro a porta do quarto.
Procuro Alguma luz que não
se apaga nunca.
Encontro um abajour no fim da sala.
A lâmpada está queimada.
Não acende mais.
No escuro fica só uma luz.
É a lua.
Ela me salva.
A lua me salva.
A cidade incendiada de eletricidade.
Parecem estrelas
as luzes que se apagam.
Parecem perfeitas à distância.
O dia amanhece,
não são mais eternas.
A lua se deita.
Eu me levanto.

terça-feira, maio 09, 2006

6ª Mentira - Sobre Entardecer e outros sentimentos


Eu não me acostumo muito bem com as coisas.
Talvez com algumas delas
Ou com muita pouca coisa.
Eu não me acostumo muito bem com coisa alguma.

Tenho estudado mais por vontade própria que por descuido
Os efeitos de uma vida só.
Isso me lembra palavras como: sólido, solidão e outras palavras aquáticas.

Dia desses andando nas ruas fui cumprimentado por todas as crianças com quem cruzei.
Havia algo de mágico, patético ou simplesmente amigo em mim aquele dia ou as
Crianças resolveram me pregar uma peça.
Eu gostei muito.

Esses dias têm sido dias de entardecer.
Por precaução me agasalho bem e fumo bastante.
Cigarro pra mim é feito ampulheta
Queima o tempo nas duas extremidades.
Não sei dizer ao certo que instrumento de tortura uso pra medir o tempo
Mas meço e isso dói um pouco.

Apesar das tardes serem inesquecíveis acabo deixando de lado
Certas lembranças que me entristece.
Sentir frio é sinal de respeito e espera.
Isso me lembra palavras como: esperança, espírito e outras palavras circenses.

A luz do sol entra pela janela do quarto,
Um quarto que não é meu.
Um quarto que não é de ninguém.
Mas só porque o sol entrou pela janela
Já me sinto aceito
E aceito.

Ando com sorte.
É...
Eu ando com muita sorte.

sexta-feira, maio 05, 2006

5ª Mentira - Sobre palavras e asas


Deixando a luz do Sol entrar nos meus olhos e nutrir.
Tenho passeado por entre borboletas e cantigas de roda.
Lembro da primeira vez que te vi do jeito que te vejo agora.
Posso estar sempre apaixonado.
Posso morrer amanhã.
Posso acreditar em Deus mesmo que dê a ele outros nomes.
Vida: Palavra espantosa.
Palavras são como pedra, papel e civilizações
podem construir, crescer, expandir e podem ser destruidas.
E eu adoro as palavras, as escadas, as pontes,as cartas,os sinais de fumaça,
os muros, as árvores rabiscadas.
Tudo por causa de um:
"Oi, tudo bem?"
Dai é só bater as asas.

terça-feira, maio 02, 2006

4ª Mentira - Sobre Cantar e Colorir


longe/perto.
borboletas e outras coisas mágicas.
o prestidigitador que não revela nada,
o truque e o som.
eu acho tão bonito essas cores que desprendem
dos seus cabelos.
eu gosto de colorir pessoas.
o que me atormenta me mantem alegre...
eu penso em cantar no domingo belas canções...